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A motivação de uma vida frutífera

Nosso propósito não é agradar pessoas, mas a Deus, que examina as intenções de nosso coração. (1 Tessalonicenses 2.4)

Por que, para muitas pessoas, cantar ou tocar no louvor é mais interessante do que servir de alguma forma nos bastidores da igreja? Por que tantas vezes ansiamos por reconhecimento e ficamos frustradas quando os outros não notam o nosso esforço? Por que as circunstâncias desfavoráveis frequentemente nos desanimam de continuar servindo? Por que fazemos o que fazemos, quando e como fazemos? E será que isso importa?

Quando estudamos a Bíblia, entendemos que Deus se importa, sim, com o que se passa dentro de nós. Ele não olha apenas as nossas atitudes, mas sonda o nosso interior e examina as nossas motivações (Provérbios 21.2; Jeremias 17.10). Ele deseja que O amemos e obedeçamos de coração, e não apenas externamente (Salmos 51,17; 119.2; Mateus 22.37). Quais devem, então, ser as nossas motivações? Consideremos quais eram as intenções de Paulo em seu ministério com os tessalonicenses, lendo o seguinte trecho:

Pois nossa exortação não tem origem no erro nem em motivos impuros, nem temos intenção de enganá-los; ao contrário, como homens aprovados por Deus para nos confiar o evangelho, não falamos para agradar pessoas, mas a Deus, que prova o nosso coração. Vocês bem sabem que a nossa palavra nunca foi de bajulação nem de pretexto para ganância; Deus é testemunha. Nem buscamos reconhecimento humano, quer de vocês quer de outros. (1 Tessalonicenses 2.3-6)

As intenções de Paulo ao pregar para os tessalonicenses eram puras. Seu objetivo não era enganá-los nem se aproveitar deles. Não queria ganhar algo daquelas pessoas – nem mesmo reconhecimento – e, sim, oferecer-lhes algo – o evangelho e a própria vida. O seu propósito era agradar Àquele que vê os nossos corações. E essa deve ser a nossa motivação também, em tudo o que somos e fazemos. Devemos fazer tudo para a glória de Deus (1 Coríntios 10.31), buscando agradar ao Senhor em vez de a nós mesmas.

Fazer tudo para a glória de Deus inclui, muitas vezes, desagradar pessoas. Quando o nosso alvo é agradar ao Senhor, há uma forma pecaminosa de agradar pessoas que não devemos praticar. Trata-se da atitude de fazer (ou dizer, ou não fazer, ou não dizer) determinadas coisas com o desejo de obter aprovação dos outros, ainda que isso implique abrir mão da obediência a Deus. Quando agimos assim, o desejo legítimo de ter bons relacionamentos se distorce e se transforma em um ídolo. Deixamos de temer a Deus e passamos a temer a homens. Queremos ser notadas, elogiadas e reconhecidas pelas pessoas e, por isso, procuramos fazer o que acreditamos que nos trará essa aprovação – e evitamos tudo o que provavelmente trará desaprovação. Assim, em vez de amarmos ao próximo, servimos a nós mesmas e aos nossos desejos pecaminosos. Além de ser motivado por orgulho e egoísmo, o temor a homens nos leva a agir de maneira insensata e infrutífera, e nos deixa vulneráveis (Provérbios 29.25).

Ok, talvez não estejamos dispostas a cometer pecados a fim de ser aprovadas pelos outros… Mas e quanto às coisas corretas que fazemos? Pode ser que elas também venham acompanhadas da motivação errada. Jesus ensinou que não devemos realizar nossas “boas obras” com a intenção de sermos vistas. Ele deixou claro que quem ora, dá esmolas ou jejua a fim de que as outras pessoas vejam é hipócrita e não receberá recompensas do Senhor. Por outro lado, quem faz essas coisas para o Pai, que nos vê em secreto, será por Ele recompensado  (Mateus 6.1-6; 16-18). É interessante notar que o problema não é esperar alguma recompensa; a questão é: por quem desejamos ser recompensadas?

O caminho bíblico para uma vida frutífera é temer ao Senhor, e não a homens (Jeremias 17.5-8). É viver para agradar a Deus, em gratidão por tudo o que Cristo fez por nós, e desejar receber a Sua aprovação. É não ser guiado pelo receio do que os outros vão pensar mas pela revelação clara da Sua vontade nas Escrituras, lembrando que é a Cristo que estamos servindo.(1)

Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar a homens, não seria servo de Cristo. (Gálatas 1.10)

Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo. (Colossenses 3.23-24)

Agora, olhemos para um outro aspecto da questão de agradar pessoas… Você já ouviu alguém dizer “Não me importo com o que os outros pensam!” a fim de justificar alguma atitude egoísta? Já vimos que não devemos nos importar tanto com o que os outros pensam a ponto de temer a rejeição e adorar a aprovação das pessoas – a aprovação que devemos ansiar receber é a divina. Existe, porém, um tipo correto de busca por agradar as pessoas. Trata-se da atitude de, humildemente, colocar os outros à própria frente e abrir mão de si mesmo.

Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus… (Filipenses 2.3-5)

Também eu procuro agradar a todos de todas as formas. Porque não estou procurando o meu próprio bem, mas o bem de muitos, para que sejam salvos. (1 Coríntios 10.33)

Nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. (Romanos 15.1)

Tanto o medo do que os outros irão pensar como a autossuficiência arrogante justificada pela frase “não me importo com o que os outros irão pensar” provêm de orgulho e egoísmo. O caminho bíblico é viver para a glória de Deus e amar as pessoas ao nosso redor. Em tudo na vida – em nossos relacionamentos, na escola/faculdade, no trabalho, ao servir na igreja, ao pregar o evangelho, ao aconselhar alguma amiga ou em qualquer outra situação – nosso objetivo deve ser agradar a Deus e abençoar as pessoas. Esse é o caminho para uma vida verdadeiramente frutífera.

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(1) Se você tem lutas na área do temor a homens, gostaria de recomendar dois livros: Quando as pessoas são grandes e Deus é pequeno, de Edward T. Welch, e O desejo de agradar outros, de Lou Priolo.